Primeira edição do Cordel 2.0: Poesia Popular e Inteligência Artificial em uma Jornada Criativa na Cidade Baixa
Leia como foi que a tradição e inovação do Cordel 2.0 aconteceram na primeira edição no Espaço Cultural Alagados, Salvador-BA
No coração da Península de Itapagipe, em Salvador, o Projeto Cordel 2.0 está escrevendo uma nova página na história da Literatura de Cordel, nosso Patrimônio Imaterial Brasileiro. Nos dias 22 e 29 de março, o Espaço Cultural Alagados, no bairro do Uruguai, foi palco de oficinas vibrantes que misturaram poesia popular, tecnologia e identidade periférica. E no último dia 5 de abril, um Sarau emocionante marcou o encerramento dessa primeira fase, reunindo gerações, talentos e histórias que ecoam a força da comunidade. Agora, o projeto segue para sua próxima etapa: a criação de uma Coletânea de Literatura de Cordel e Poesias, com lançamento previsto para 29 de maio de 2025.
Quem possibilitou a realização deste projeto de Cultura, Tecnologia e Educação.
Uma Jornada de Tradição e Inovação
O Cordel 2.0, apresentado pelo Instituto Cultural Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura e selecionado no Edital Rouanet nas Favelas 2024, é um convite à reinvenção. Ele conecta a tradição do cordel às possibilidades da Inteligência Artificial (IA), promovendo inclusão, criatividade e valorização da cultura da Península de Itapagipe. Com 40 participantes, de 7 a 90 anos – 85% moradores locais –, as oficinas resultaram em cordéis e poesias que capturam memórias, lutas e sonhos da comunidade.
Lideradas por feras como o Mestre Antônio Barreto, as oficinas mergulharam na essência do cordel, com pandeiro, violão, gaita e causos que reforçaram a identidade nordestina e urbana. A REPROTAI, os artistas Aline Carvalho, Tacynha, Mano Xandão e Gueds, apresentaram histórias reais da comunidade para inspiração dos novos cordelistas. Já Carlos Vidal mostrou como a IA generativa pode ser uma aliada, ajustando métrica e rima sem roubar a alma da narrativa. Rosana Paulo e José Abbade ensinaram a arte da oralidade, enquanto Laura Ferreira, Isabella Serrano e a produtora Celeste Farias garantiram o suporte necessário.
E não faltou sabor: os lanches da Tia Rai, da Adocci, uniram gastronomia e economia solidária, alimentando corpo e alma.
Como o Cordel Ganha Vida com a IA
O processo criativo do Cordel 2.0 é um equilíbrio entre coração e técnica. Como explica Carlos Vidal, o cordel nasce em três etapas:
Criar a história em estrofes de 4 ou 6 versos.
Ajustar a métrica para 7 sílabas por verso.
Construir rimas intercaladas (ABAB) ou sequenciais (AABB).
Aqui entra a inovação: a IA generativa foi usada para sugerir ajustes de métrica e rima, mas a essência da história permaneceu com o autor. “O participante é soberano. A tecnologia é só uma ponte para a memória afetiva florescer”, diz Vidal. O resultado são cordéis que carregam a alma da comunidade – da infância nas palafitas às lutas das mulheres da Lage.
O Sarau: Um Marco de Emoção
No dia 5 de abril, o Espaço Cultural Alagados vibrou com o Sarau que celebrou o fim da primeira fase. Cerca de 70 pessoas, entre participantes, familiares e vizinhos, lotaram a Praça da Alegria. Crianças, jovens, adultos e idosos apresentaram cordéis, poesias, cenas teatrais e performances, mostrando o poder da troca intergeracional. Com tradução em Libras e transmissão ao vivo, o evento foi um símbolo de inclusão e conexão.
Rumo à Coletânea
Agora, o Cordel 2.0 entra em sua fase de curadoria, editoração e publicação. Sob a curadoria do Mestre Antônio Barreto, os textos serão classificados como cordel ou poesia livre, respeitando a voz de cada autor. A coletânea, que será lançada em 29 de maio de 2025, no Espaço Cultural Alagados, terá versões digital (eBook), impressa e em Braille, reforçando o compromisso com a acessibilidade. O evento promete ser uma festa, com cordelistas, músicos, dançarinos, poetas, atores locais e surpresas que vão encantar a comunidade.
Arte oficial da primeira Edição do Cordel 2.0 Designer: Carlos Conrado
Um Projeto que Transforma
Mais do que poesia, o Cordel 2.0 é um movimento de cidadania e inovação cultural. Ele prova que a cultura periférica pode dialogar com o futuro sem perder suas raízes, democratizando o acesso à tecnologia e amplificando vozes diversas. Realizado pelo Ministério da Cultura e Governo Federal, com apoio do Instituto Cultural Vale, o projeto é um marco na Península de Itapagipe.
Quer fazer parte dessa história?
Marque na agenda: 29 de maio de 2025 às 19h, no Espaço Cultural Alagados (Rua Direta do Uruguai, S/N – Praça da Alegria, Uruguai, Salvador-BA). Venha celebrar a coletânea com cordel, música, dança, poesia e muito mais.
A cultura popular está mais viva do que nunca!